Na província moçambicana de Tete, a água é chamada de madzi na língua local, a nhóngòe. Ela é um recurso natural escasso e por isto, valioso. Durante a estiagem anual, a água dos rios evapora. Por isto, os locais devem buscar água de muito longe. Este é trabalho das mulheres. Elas são vistas nas estradas com as suas roupas coloridas, carregando potes ou tonéis na cabeça. As bombas dos poços artesianos são locais de encontro das mulheres dos povoados. Naqueles povoados, onde não tem fonte ou poço, a falta d’água é observada em crianças sorridentes, que abanam aos estranhos, vestidos com roupas sujas e que não tomaram banho há algum tempo.
Os habitantes do meio rural tem se adaptado a viver com pouca água, escavando o lençol freático na areia dos fundos de rios secos. Ao redor destes buracos circula e zombe uma rica biodiversidade. Tanto os animais menores como maiores buscam nelas a pouca água e umidade. Alguns destes buracos tem proteções contra animais, construídas de pedras. Muitas vezes se encontra também a n’gowboe, ou seja, um copo natural feito de casca de porongo.
Longe dos povoados, estes poços são usados pelos caçadores. São também locais de refresco muito bem vindos a geólogos em trabalho de campo, que é feito a pé ao longo dos rios secos. Principalmente quando o seu cantil começa estar vazia. Algumas vezes a água do cantil acaba. Isto é um pesadelo nestas condições.
Porém, a estiagem tem o seu oposto. O período de chuvas dura de dezembro a março. O verde da natureza explode à vista! Nos rochedos dos rios pode se ver depressões e outras esculturas naturais, feitas pela erosão pela água e material sedimentar carregada. Destas feiçoes e blocos de rochas enormes, carregadas pela conrrenteza, pode se deduzir a força d’água. Chuvas fortes martelam o solo, as quedas d’água rugem e a erosão faz um banquete. Os rios inundam, as estradas são cortadas, as pontes são levadas pelas águas e pessoas se afogam. Muitos podem ficar presos por semanas em áreas que se transformaram em ilhotas.
Nestas condições a importância d’água e das forças da natureza se ressaltam. Isto faz pensar na dureza da natureza africana e a adaptação à ela. Após esta experiência, dou mais valor a um ato tão cotidiano como beber um simples copo d’água.
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