Apr 1, 2013

"Te Chamam de Ladrão, de Bicha, Maconheiro..." Preconceito, Xenofobia e a Categorização do “Estranho” na Cultura Brasileira

Toni Eerola
“O brasileiro, infelizmente, ainda pensa nos artistas como um bando de homossexuais e prostitutas”.
Cazuza

“O preconceito nasce do desconhecimento, do medo”
Renato Russo

“Estou cansado de tanta caretice,
tanta babaquice, desta eterna falta do que falar”
Lobão

Abstract: “They call you gay, thief, pot-smoker”... Prejudice, xenophobia and categorization of “strange” in Brazilian culture
“They call you gay, thief, pot smoker, transform the whole country in a bordel, because that way more money is earned”. This lyrics is from Brazilian rock musician Cazuza's hit “Time don´t stop”. Cazuza was one of the most brilliant singers and composers of the 1980's Brazilian rock scene. His lyrics serves as the starting point for a analysis of prejudices, xenophobia and categorizations used to characterize and classificate behaviors considered as different or strange in Brazil. Those are categorizations by which those are tried to be decodified, explained and understood. As this explanation is sometimes not easy, another mechanism is used: categorization in known referencials (gay, pot-smoker, lesbian, communist, etc.). Those categories are like “conceptual deposits”, where new phenomena that have no ready and immediate explanations into the limited universe of sovinism, conservadorism, ignorance and prejudices, are put. An uncommon behavior is disconstructed, and a possible threat that it may represent is annulated by the use of those negative adjectives. Those behaviors can be every single manifestation that is new, or not very common in Brazil. Examples of those situations are given, and adjectives such as gay, lesbian, thief, pot-smoker, etc., are analyzed.
The Cazuza's lyrics tells us that while people are still worrying to analyze and categorize people by their behavior, more important and urgent issues escape from the minds, generating alienation and possibiliting the exploitation of the country by its elites. The education is the key and the most effective way to fight against those mechanisms.

Key-words: Cazuza, prejudices, xenophobia, homophobia, Brazilian rock, categorizations, gender, Brazil

Resumo
“Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro, transformam o país inteiro em puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro”. A letra da música do Cazuza, O Tempo não pára, serve de ponto de partida para uma análise de xenofobia e categorizações que são popularmente usados ao se tentar caracterizar comportamentos novos, diferentes e “estranhos” na cultura brasileira. Ladrão, bicha, maconheiro, comunista, vadia, sapatão, etc., são categorizações através dos quais tenta-se explicar e digerir comportamentos que fogem do comum. Porém, na maioria das vezes os sujeitos destas denominações não correspondem, nem satisfazem as características destas.

Estas categorizações são uma espécie de “depósito de lixo conceitual”, onde fenômenos, que não encontram explicação fácil dentro dos limites estreitos da ignorância e preconceito, são colocados. Nestes depósitos, a conduta incomum é tentativamente desconstruído e digerido, e a possível ameaça que esta possa representar, é anulada através do uso de adjetivos pejorativos.
O uso destes é reflexo de conduta imatura, infantil, imediatista e reacionária, que nega a reflexão e tem no preconceito e ignorância o seu melhor combustível. È uma forma de violência discriminatória, que reproduz e perpetua formas de opressão social e hierarquias de poder. O fenômeno é intrínseco à cultura e ao berço nutrido pela imposição de papéis sociais, sexuais e políticos.

Geralmente as pessoas não questionam ou resistem a estes mecanismos. É difícil lutar contra toda uma cultura, herdeira do machismo luso-latino, exploração escravista, ditaduras militares e forte estratificação social.

A letra da canção do Cazuza diz que enquanto nos preocupamos em analisar e categorizar pessoas, assuntos mais importantes nos fogem à mente, gerando alienação e possibilitando a continuação da exploração do país pelas elites. A educação, distribuição de renda e modernização das relações entre homens e mulheres são fatores-chave para o seu enfrentamento.
Palavras-chave: Cazuza, preconceito, xenofobia, homofobia, música brasileira, rock brasileiro, categorizações, gênero, Brasil

Introdução
Segundo Santos (1989), “o Ocidente sempre se deu mal com as diferenças: a do índio, do negro, do louco, do homossexual, da criança. Deve-se à Derrida a descoberta de uma cadeia destes grandes preconceitos universais, que permeia a cultura ocidental: Logos é o Espírito da Razão que faz ciência, que promove a consciência, que impõe a Lei, que estabelece a Ordem e que organiza a Produção (ibid.). Estes valores foram promovidos reprimindo e silenciando como inferiores o corpo/emoção/poesia/inconsciente/desejo/ acaso/intuição. Além de matar diferenças em identidades, hierarquiza estes elementos, valorizando outros, tornando-os “superiores” (ibid).

A ditadura militar no Brasil (1964-1985) foi um campo fértil para xenofobias, preconceitos e estigmas de toda ordem, produzindo uma série de categorizações e rótulos neles baseadas. O período ditatorial foi também uma época de estagnação política e cultural, mesmo que o estilo Música Popular Brasileira (MPB) teve a sua origem e apogeu durante este período (Eerola & Eerola 1998).

Com a abertura democrática, a partir de 1975, novos ventos começaram a soprar. Políticos e músicos refugiados retornaram ao país com a anistia em 1978. Como conseqüência da nova atmosfera, liberdade e efervescência cultural, o rock brasileiro (re)surgiu no início da década de 1980. Este trouxe questionamentos, novos valores e estilos de se vestir, agir e pensar (Dapieve 1995, Eerola & Eerola 1998, Alexandre 2002).

Durante o final da década de 1970 e início dos 80, o MPB tinha se tornado “adulto” e elitizou, estagnou e construiu “castelos nas nuvens”, com letras alienadas, idealistas e românticas (Eerola & Eerola 1998), distanciando-se da juventude e principalmente, do povo, mas sempre com o estampa de “bom gosto” e “qualidade” (Dapieve 1995, Alexandre 2002, Eerola 2002, 2004a). Virou música para classe média e alta. Isto, por sua vez, tem gerado uma série de preconceitos e segregação em relação a outros estilos de música brasileira, como sertanejo e pagode, identificados com as camadas mais baixas da população e considerando-as como de “mau gosto” e “brega”, refletindo a forte estratificação sócio-econômica e cultural do país (Eerola & Eerola 1998, Eerola 2002, 2004a, b).

No mesmo período, a nova geração do rock queria “revolucionar a música popular brasileira; pintar de negro a asa branca, atrasar o trem das onze, pisar sobre as flores de Geraldo Vandré e fazer da Amélia uma mulher qualquer” (Clemente, da banda Inocentes, apud Bivar 1982) e “invadir a sua praia”, “sentindo o cheiro de gasolina e óleo diesel”, com os pés firmemente no asfalto e concreto das grandes cidades. Com a influência do Punk e do New Wave, o “negócio” agora era falar diretamente, sem meias palavras (Dapieve 1995, Eerola & Eerola 1998, Alexandre 2002). O seu discurso pós-moderno invertia conceitos como a “Tradição, Família e Propriedade”. Questionaram também diversas rotulações, preconceitos e ufanismo. “A gente somos inútil!” (Ultraje a Rigor) foi dito com deboche e ironia, seguido dos clássicos “Que País é Esse?” (Legião Urbana), “Polícia”, “Estado Violência” (Titãs), “Armas”, “Alagados” (Paralamas do Sucesso), e “O Tempo Não Pára”, “Brasil”, “Blues da Piedade”, “Burguesia” (Cazuza), colocando o “País do Futuro”, “Ame o Brasil ou Deixe-o” e “Deus é Brasileiro” definitivamente na lixeira da história. Fernando Gabeira considerou estas músicas do Cazuza como a mais implacável crítica da sociedade brasileira do fim do século XX (apud Duó 1990).

Ainda na época da ditadura, estes músicos teriam sido categorizados, além de “bichas”, também como “subversivos”, “comunistas”, “agitadores”, “traidores da pátria”, etc., e teriam sido presos. No novo período, porém, muitos outros preconceitos continuavam sendo utilizados para nomear e categorizar o “estranho” ou “diferente”.

Lamentavelmente muitos adjetivos pejorativos baseados em preconceitos e ignorância persistem ainda hoje na sociedade brasileira. São categorizações, através dos quais se descreve condutas e atitudes diferentes em uma sociedade machista e conservadora. O indivíduo nem sequer precisa ser de acordo com estas características – basta ser, por exemplo, negro, liberal, artista ou simplesmente, “diferente”. Para exemplo, o Cazuza disse que “o brasileiro, infelizmente, ainda pensa nos artistas como um bando de homossexuais e prostitutas” (apud Duó 1990). Neste sentido Cazuza cantou:
“Estou cansado de tanta caretice,
tanta babaquice,
desta eterna falta do que falar”

Vida Louca Vida
(Lobão/Herbert Viana)
Estas categorizações são mecanismos e estruturas mentais automáticos, construídos pelo tecido social e impostas e sustentadas pelas estruturas culturais e tradições psíquicas do coletivo, “da maioria”.
Tópicos relacionados a este tema têm sido tratados por Goffman (1988), Bento (1999), Bandeira & Batista (2002), Heilborn & Carrara (1998), Almeida (1995), Sabat (2001), Pierrucci (1998) e Caiffin & Cavalcanti (1999). Estes artigos tratam das diferenças e preconceitos, principalmente do ponto de vista da sexualidade masculina.

No presente artigo o autor amplia esta visão, analisando o significado de algumas expressões de cunho popular, como o ladrão, bicha, maconheiro, comunista, vadia e sapatão, utilizados para se categorizar condutas consideradas “diferentes”. O ponto de partida para a análise é a letra da música do Cazuza, “O tempo não pára”. O trabalho foi apresentado no VI Fazendo Gênero na UFSC, Florianópolis, em 2004 (Eerola 2004c).

O olhar ao assunto é de um estrangeiro radicado no país entre 1979-1992 e de 2001 em diante. Ressalta-se porém, que a xenofobia do título deste trabalho não se refere aos estrangeiros.

Preconceito, xenofobia e a função da categorização do “estranho”

Cazuza, abertamente bissexual, foi um dos compositores mais brilhantes e lúcidos da geração do rock da década de 1980, juntamente com Lobão, Herbert Viana (Paralamas do Sucesso), Arnaldo Antunes (Titãs) e Renato Russo (Legião Urbana, vide Eerola & Eerola 1998). As letras sarcásticas pós-modernas do Cazuza refletem bem o Brasil da década de 1980 e continuam sendo atuais até hoje. Ele usava fortes metáforas e foi um dos maiores intérpretes brasileiros da vida cotidiana mânico-depressiva, “o céu e o inferno de todo dia”. Segundo Caetano Veloso, “Cazuza foi o maior poeta brasileiro”. O lançamento do filme sobre a vida do Cazuza, ocorrido em 2004, é uma boa oportunidade para se discutir a obra e o pensamento deste músico.
Na sua música e o título do filme, “O tempo não pára”, Cazuza disse:
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro,
transformam o país inteiro em puteiro,
pois assim se ganha mais dinheiro

O Tempo Não Pára
(Arnaldo Brandão/Cazuza)
O que será que o Cazuza quis dizer com isto? Apresenta-se aqui uma interpretação: As categorias, como o ladrão, bicha e maconheiro, são como uma espécie de “depósito de lixo conceitual”, onde os fenômenos e condutas “estranhos” e desconhecidos são tentativamente colocados e “digeridos”. A percepção do novo e a sua tentativa de compreensão passam por um ato mental de manipulação e fragmentação em seus elementos mais simples.

Segundo Arbex Jr. (2001), fatos existem, mas não como eventos naturais; eles se revelam ao observador – e são, eventualmente, por ele construídos -, segundo o acervo de conhecimentos e o instrumental psicológico e analítico que por ele podem ser mobilizados. Fatos existem, mas só podemos nos referir a eles como construções de linguagem. Descrever um fato é, ao mesmo tempo, interpretá-lo, estabelecer a sua gênese, seu desenvolvimento e possíveis desdobramentos, isolá-lo, enfim, como um ato, uma unidade dramática (ibid.). Porém, a tentativa de compreender um fenômeno comportamental “novo” pode ser frustrada. Muitas vezes, as pessoas não conseguem explicar um fenômeno novo por meios convencionais. Isto causa desconforto, perturbação, incomodação e por fim, irritação. Assim, o fenômeno novo pode ser considerado tão transgressor que possivelmente represente até uma ameaça. Assim surgem o preconceito e o estigma (vide Goffman 1988). Como disse o cantor e compositor Renato Russo, “o preconceito nasce do desconhecimento, do medo” (apud Dapieve 1995).

Quando a “digestão”, ou seja, a compreensão e absorção de algo novo não se procedem, uma categorização pode ser embasada, fortificada e este ganha uma voz viva em forma de uma exclamação de uma ofensa dirigida ao representante deste fenômeno. Um exemplo comum disto é “bicha!”. Tenta-se assim desconstruir o “estranho”, invertendo-o a algo pejorativo. Como exemplo, o visual agressivo dos punks, com os cabelos arrepiados ou moicanos, virou “pavão”, “periquito”, “urubu”, etc. na década de 1980, ao mesmo tempo em que desesperadamente tentava-se classificar o visto e percebido, mas não reconhecido e compreendido.

Este é um mecanismo de auto-defesa diante do novo, desconhecido e estranho, que pode representar uma espécie de ameaça potencial direta ou indireta, através do choque, provocação ou questionamento de atitudes e condutas pré-estabelecidas. Esta “ameaça” aparente é neutralizada através da desconstrução, reduzindo o seu valor a algo menos ameaçador, mas pejorativa. Este é mapeado à uma categoria conhecida, segura, porém, com conotação negativa. A auto-identidade é assim reforçada por não pertencer à esta categoria. “É o Outro, não Eu!”

Como o fenômeno novo não é prontamente identificado, decodificado e explicado de maneira convencional, busca-se referenciais nestas categorias prontas, estruturadas. Refugia-se a conceitos e padrões fornecidos pela própria cultura. Através desta fuga às categorias conhecidas, o fenômeno é “explicado”, desmontado e ridicularizado, o que dá segurança e conforto, pois não precisa mais pensar na representação e questioná-lo, ou pior, questionar a própria conduta e atitudes. Isto, por sua vez, estimula o recurso ao clichê, ao preconceito, à reiteração de concepções já formadas (Arbex Jr. 2001). Trata-se da estigmatização, segundo Goffman (1988).

Muitas vezes as pessoas não conseguem entender também porque outras culturas tem condutas diferentes, sem que isto signifique ser homossexual, louco ou prostituta. A aceitação provinciana de imagens e certezas preconcebidas sobre outros povos se deve, em parte, ao fato de que cultural e psicologicamente é muito mais fácil sustentar um preconceito do que demoli-lo (Arbex Jr. 2001). Freqüentemente brasileiros caem em armadilhas conceituais deste tipo na Europa. A alguns é um choque ver condutas ou atitudes que são comuns na Europa, mas completamente novos e estranhos a eles. Lamentavelmente, muitas vezes estes recorrem às velhas fórmulas aos quais estão habituados, para conceituá-los em primeiro momento. Porém, felizmente logo notam que viajar “abre os olhos”. Entretanto, como coloca Arbex Jr. (2001), tampouco o contato com outras culturas garante, por si só, que o preconceito vá ser demolido. Pode ser até reforçado, se não houver a disposição de colocar em cheque os próprios valores. Brasileiros que viajam ao exterior, geralmente fazem parte da classe mais privilegiada. Porém, apesar do seu nível de instrução, muitas vezes parece que este nada aprende nestas viagens.

A esse respeito, refere-se a um outro trecho do “O Tempo não pára”:
“Tua piscina 'tá cheia de ratos,
tuas idéias não correspondem aos fatos”

Ladrão, Bicha, Maconheiro & Companhia - Análise das categorias

As pessoas precisam saber sobre os atributos sociais dos transeuntes, para saber se algum comportamento “estranho” não constitua uma ameaça, para saber como agir em relação à ela e se sentir seguro (Giddens 1991, Knapp & Hall 1999), i.e. que o mundo, apesar de tudo, é ainda um lugar previsível (Giddens 1991).

A conduta, os gestos, as expressões, os acessórios, a aparência, a idade e o modo de se vestir emitem sinais de identidade e classe social que são captados, processados e decodificados pelos transeuntes (Knapp & Hall 1999). A identidade dos transeuntes e a construção da compreensão de algo novo são assim rapidamente interpretadas e categorizadas. Em uma sociedade de classes, fortemente estratificada, como a brasileira, isto ocorre de uma maneira reforçada. Trata-se de representações sociais, área da psicologia social (e.g. Jovechelovitch 1995, Pichon-Riviére & De Quiroga 1998, Knapp & Hall 1999). Psicólogos finlandêses chamam a isto também de psicogeografia (Toivonen & Kiviaho 1998). Goffman (1988) fala da construção de estigmas.

A seguir, descreve-se uma experiência pessoal, em que se pesquisou a conduta de pessoas frente a um ato diferente, estranho, não prontamente codificado.
O trabalho do geólogo, i.e., a observação de rochas, suscita curiosidade, questionamento e reações nos leigos, tanto no meio rural, quanto mais na cidade, podendo veredar até à ameaça de violência física (Eerola 1994, Eerola et al. 2003).

Eerola et al. (2003) analisaram a conduta e as reações de clientes de shopping centers da Grande Florianópolis frente ao estudo de rochas ornamentais, utilizados para a decoração desta. O ato despertou a curiosidade dos transeuntes. A curiosidade despertada foi aproveitada como uma oportunidade para produzir encontros e interações com estranhos, popularizando-se geologia.
Os alunos concentraram atenção às paredes, pisos e balcões (rochas), no lugar de vitrines e produtos, sendo um ato simbolicamente transgressor, uma negação aos apelos de consumo. O ato representa uma intervenção no presente, uma ruptura do cotidiano e distúrbio no habitual de um shopping. É uma conduta incomum, que chama a atenção das pessoas. Isto pode ser considerado sociologicamente como uma performance. Construiu-se um espetáculo performático, baseado nos papéis de atores em processo de investigação-ação. A curiosidade tornou os clientes em espectadores que, por sua vez, eram assistidos pelos alunos-atores, envolvendo ambos em um jogo.

Ao denotarem os alunos observando o piso e as paredes do espaço, três tipos de reações foram produzidos: algumas pessoas passaram e apontaram, outros saem cochichando e um terceiro grupo se aproxima e indaga dos porquês daquilo que faziam. Em suma, ninguém ficou indiferente. Em geral, os transeuntes olhavam discretamente, alguns franzindo a testa, mas passaram pelos alunos com olhares incrédulos ou com expressões de desprezo. Porém, a maioria não parava para perguntar e lançavam olhares curiosos somente após terem passado pelos alunos. Comentaram alguma coisa com a pessoa ao lado. Pelos olhares, alguns transeuntes duvidaram da sanidade mental dos alunos.
Analisando os comportamentos acima, “o discreto charme da burguesia” e o ambiente fechado foram provavelmente fatores que impediram com que estes expressassem de modo livre a sua curiosidade e indagação sobre a atividade. Provavelmente as pessoas estavam mais concentradas em consumir. Deve-se ressaltar também, que a clientela seleta dos shoppings é habituada a manifestações artísticas de todos os tipos e poucas representações conseguem os “chocar”, devido ao seu grau de instrução. As suas emoções são contidas.        O assalto da curiosidade é sufocada pela análise. A identidade estudantil dos protagonistas e a construção da compreensão de algo novo (da atividade) são assim rapidamente interpretadas e a relação com alguma atividade de estudo é estabelecida.
Algumas teorias da comunicação servem-nos como um exemplo analítico sobre a percepção de um dado fenômeno e a sua imediata classificação. Segundo Arbex Jr. (2001), não apenas o olhar do observador é seletivo quanto ao evento presenciado, como ao relatar um evento, o observador seleciona, hierarquiza, ordena as informações expostas, fazendo aí interferir as suas estratégias de narração. Segundo o mesmo autor, da psicanálise e das ciências sociais sabemos hoje, que o olhar é condicionado pela cultura, mas também, talvez, sobretudo – por uma série quase infinita de mecanismos inconscientes (preconceitos, afetos, traumas, automatismos), sendo a imensa maioria destas forjada já na primeira infância. Assim, a interpretação do fenômeno vivido e percebido passa por um exame subjetivo, que é limitado por contextos econômicos, culturais, sociais, ideológicos, políticos, históricos, psicológicos e por sua própria competência discursiva (Arbex Jr. 2001). Nisto, coloca-se em jogo uma disputa de discursos e saberes (saberes produzidos por instituições, no sentido do Foucault), estabelecendo assim, uma relação de poder simbólico, i.e. uma relação política, no sentido mais amplo do termo (ibid.).

Seguindo o raciocínio aqui exposto, analisa-se, a seguir, algumas das categorias típicas mais utilizadas na sociedade brasileira na tentativa desta de se caracterizar condutas diferentes.

Ladrão (ou louco?)!

Os representantes de classes mais baixas ou de raça negra, podem muitas vezes ser categorizados como ladrões, principalmente se estão correndo. A maneira de se vestir, aparentar ou comportar são prontamente decodificados em uma sociedade de classes como a brasileira. Assim, se estabelece a identidade e a classe social do “outro”.

Aqui nos serve um exemplo de experiência pessoal. No início da década de 1980, o hábito de correr (jogging) ou “fazer Cooper” ainda não havia se difundido no Brasil. Quando praticado, era feito em clubes fechados, parques esportivos com pistas de corrida ou praças. Era incomum fazer isto na rua, no espaço urbano. Quando o autor praticava isto na rua, era comum os transeuntes se virarem e se perguntarem “de que está fugindo?” ou “porque está correndo?” Se “mal vestido", a explicação automática era “está fugindo da polícia” ou “é um assaltante”. Porém, uma pessoa com roupa esportiva de tênis, shorts e camiseta limpas causava um certo desconforto, pois não correspondia à categoria conhecida de “ladrão”. Era algo novo. Então se pensava, “deve ser louco!”. Encontrou-se assim uma outra categoria segura que explicava o desconhecido e inusitado comportamento. Isto perdurou até que se habituou ao fenômeno que se popularizou rapidamente. Porém, a prática do alongamento em um espaço público provocava reações até ao início da década de 1990.
A versão moderna para ladrão é “traficante”. Infelizmente muitos jovens de classe social baixa podem ser muitas vezes rotulados desta maneira. Pode se também passar automaticamente ao menos à categoria de “suspeito”, mesmo sem ter cometido crime algum. Jovens negros foram recentemente detidos pela polícia em Porto Alegre, quando corriam para chegarem ao local do vestibular antes de fecharem a entrada.

Maloqueiro é uma outra denominação pejorativa sócio-econômica para comportamento diferenciado da discrição burguesa.
A mídia participa ativamente na formação destes conceitos. Ao localizar o problema da violência e tráfico de drogas apenas nas favelas, todos os habitantes destas áreas passam a ser suspeitos e temidos. Não se discute ou tenta localizar aqueles que compram, consomem e, principalmente, financiam o tráfico de entorpecentes. Certamente estes não habitam as favelas.
“Bicha!”
Olha cabeleira do Zezé,
será que ele é,
será que ele é...?
A marchinha popular de carnaval da década de 1960 sobre “o cabelo do Zezé” continua sendo atual, pois descreve a preocupação e a necessidade que o brasileiro tem em querer identificar a sexualidade do “outro” e de rotulá-lo. Esta preocupação é exacerbada, quando o “outro” apresenta algo diferente, como cabelo, roupa ou conduta.

A música acima foi contemporânea à “invasão” de influências estrangeiras no Brasil, como o cabelo mais comprido dos Beatles, que a juventude passou a imitar. A letra questiona o que seria “Zezé” com aquele cabelo “estranho”, não-identificado. Será que é “transviado”, “Maomé” (?) ou “Bossa Nova”, pergunta a música, sem fornecer uma resposta. “O que será que ele é?”, pergunta, cheia de perplexidade. Mesmo inserido em uma música de carnaval, a resposta a este desconforto é reacionária e fascista: “Corte o cabelo dele!”.

Por incrível que pareça hoje, a Bossa Nova foi também usada na música, como sendo uma representação “suspeita”. As vozes suaves, finas, meio desafinadas de João Gilberto, Vinícios de Moraes e Tom Jobim foram, ao que parece, provocantes para alguns conservadores da época. Porém, foi nesta mesma década, que as primeiras manifestações de questionamentos do papel sexual do homem surgiram na cultura brasileira de forma pública, nos performances e atitudes andróginas de Caetano Veloso (vide Veloso 1997, Lima 2003). Aliás, o próprio Caetano Veloso, junto com o movimento Tropicalista, se revoltou abertamente contra o sucesso e estampa de bom gosto da Bossa Nova e vários outros valores dominantes da época (Veloso 1997, Lima 2003, Eerola 2004a). Ney Matogrosso, junto com os Secos e Molhados, por sua vez, revolucionou a representação masculina na década de 1970, seguindo a tendência internacional do glam-rock, representado por David Bowie.
Porém, ainda no fim da década de 1970 e começo da década de 1980, bastava o homem vestir uma peça de roupa p.ex. cor-de-rosa, para ser tachado de homossexual no Brasil. Com o novo estilo trazido pelo New Wave e moda Surf, isto felizmente passou. Porém, no início, os cabelos, atitudes e roupas “estranhas”, de cores berrantes, apertados do New Wave, eram facilmente colocados na categoria de “bicha”. Isto ocorria até que a mídia veiculasse e vendesse a nova moda, absorvendo o seu choque.

“O homem tem que ser macho!” – Aparentemente um dos maiores medos do homem brasileiro é ser considerado homossexual. É uma manifestação de homofobia. O glúteo do homem brasileiro é o seu maior tabu, um “bem precioso a ser protegido” a todo custo de qualquer “ameaça” que outros homens possam lhe apresentar, beirando muitas vezes o ridículo.
Bicha, veado, fresco, fruta, boiola, gay, etc., são as denominações mais comuns para comportamentos diferentes, que fogem da apresentada e aceita pela maioria dos homens. São exemplos os trejeitos interpretados como afeminados e demonstrações de sensibilidade (p.ex. voz fina, roupas diferentes, gosto pelas artes, decoração, etc.) ou um comportamento simplesmente diferente, não prontamente identificado.

Os termos veadagem ou bichiche, descrevem, por sua vez, atitudes que pareçam refletir um comportamento homossexual. Assim, quaisquer manifestações, não prontamente compreendidas, questionáveis ou repulsivos, podem ser categorizadas como veadagem. Estes termos podem ser utilizados até por professores universitários. Como um exemplo recente, o geógrafo da USP, Prof. Dr. Armen classificou a geografia da percepção (e.g. Oliveira & Machado 2004) como “veadagem”, em um evento científico. Isto, por sua vez, criou resistência em um grupo de alunos do sexo masculino para participarem do estudo psicogeográfico de rochas e reações dos transeuntes frente a este ato de estudo nos shopping centers de Florianópolis (Eerola et al. 2003). O “problema” é que a psicogeografia é um precursor da geografia da percepção no meio urbano (ibid.). Assim, estes alunos tiveram medo de estarem fazendo “veadagem” em um lugar público. No entanto, estes preconceitos foram superados. O autor falou aos alunos que “seríamos então todos “veados” e com grande honra!”. Porém, o exemplo mostra a força da influência que certas autoridades educacionais(?) podem exercer nos alunos no meio acadêmico.

Desta forma fica claro, que quaisquer “transgressões” de códigos pré-estabelecidos para masculinidade são imediatamente punidas por meio dos termos supracitados. Assim, o homem brasileiro passa durante a sua vida pela preocupação, esforço e pressão grandes para que não seja pensado, considerado, ou pior, chamado com algum dos adjetivos citados acima. Para o autor, este medo é algo, no mínimo, tragicômico.

No Brasil, diversos códigos de conduta sexuais são impostos de forma repressiva e autoritária às crianças, antes mesmo de compreenderem o que é sexualidade, i.e., o que é ser mulher, homem, bi- ou homossexual. A mídia, especialmente os programas humorísticos como Casseta & Planeta, Turma do Didí e Zorra Total e telenovelas participam ativamente na formação, manipulação e no fortalecimento destas fobias e categorizações, refletindo a cultura em que estão inseridos (vide também Sabat 2001, Arbex Jr. 2001). A Turma do Didí, supostamente destinado às crianças, além de sexista, é recheada de preconceitos de toda ordem, que acabam moldando opiniões e a maneira de ver o mundo pelas crianças. Pela ênfase que se dá aos sketches humorísticos, envolvendo homossexualidade na TV brasileira, a homofobia parece ser algo característico desta sociedade.
Arbex Jr. (2001) observa que, não raro, os veículos da mídia participam de um “consenso fabricado”, muito mais por inércia preconceituosa e ignorância intelectual do que por uma vontade política consciente

Porém, por estranho que pareça, o brasileiro parece não saber o que é a homossexualidade. Existe um mito, de que somente aquele que apresenta um comportamento afeminado e passivo, é homossexual. Porém, existem também os homossexuais ativos. O ativo é aquele que mantém relações com o passivo, sendo também, um gay, ou, no mínimo, um bissexual. Esta relação não é percebida no imaginário popular, pois aquele que “aproveita de uma bicha”, é considerado “macho”, por incrível que pareça. Quando este fato é mencionado para alguém que se gaba de ter feito isto, surge a defesa, “sai fora, tá me estranhando?”. Assim, ao usar adjetivos pejorativos para denominar os outros, é bom sempre “se olhar no espelho antes”.

“Maconheiro”
A conceituação de maconheiro, no raciocínio aqui exposto, é algo mais sofisticada. O termo descreve uma pessoa consumidora de Cannabis sativa. Na categorização, porém, este assume uma outra conotação. É qualquer pessoa com uma conduta que foge dos dois anteriormente citados. É certamente um termo pejorativo, que descreve um comportamento também “estranho”, porém, sem conotação sexual ou econômica. Os sonhadores, pessoas lentas, introspectivos, reflexivos, artistas, hippies, etc., são facilmente colocados nesta categoria, sem no entanto, necessariamente preencherem os pré-requisitos sensu stricto.

“Comunista”
Durante e logo após o final da ditadura militar, foi comum denominar uma pessoa que tivesse preocupações sociais, ambientais ou de direitos humanos como comunista, subversivo, agitador, traidor da pátria, etc. Baseado neste preconceito, centenas de pessoas foram presos, exilados, torturados, mortos ou desaparecidos durante o regime militar. Com a derrocada do socialismo e o fim da Guerra Fria, este estigma felizmente passou de existir. Até a Rede Globo fala hoje em cidadania. Porém, assim foi também diluído o significado da esquerda toda, que em um mundo pós-moderno eclético da globalização, passou a adotar discurso e atitudes neo-liberais ou neutras, “em cima do muro”, retratados na música “Ideologia”, de Frejat/Cazuza.

“Vadia”
As mulheres também não podem deixar de serem categorizadas em um país machista. Ao o homem brasileiro ser sexualmente ativo e ter várias relações sexuais com mulheres diferentes, ele é “macho”. Já uma mulher com comportamento sexualmente mais liberal e ativa, é logo considerada como uma prostituta. Não se dá à mulher brasileira o direito de exercer livremente a sua sexualidade e de ter experiências. A pergunta, ingenuamente feita pelos homens tem sido “e se o outro for melhor que eu na cama”? Até há pouco tempo, exigia-se até virgindade da noiva. Isto é um sinal da insegurança do homem brasileiro. Felizmente isto, porém, está rapidamente mudando.

“Sapatão”
“A mulher tem que ser delicada, sensual e feminina”. Esta é a opinião comum entre os homens brasileiros. Uma mulher que tem voz mais grossa, que use alguma peça de roupa masculina, que não seja tão “delicada”, que trabalha em uma profissão tradicionalmente masculina, ou que se impõe p.ex. no mundo dos negócios, pode ser logo tachada de lésbica, “sapatão”. Porém, a mulher está rapidamente conquistando o seu lugar no mercado de trabalho na sociedade brasileira. Isto tenderá certamente a tornar os papéis mais igualitários, o que pode mudar esta atitude de categorização.

Discussão: “O futuro repete o passado” - “Somos como os nosso pais”?
Sob a ótica do autor, o uso das categorizações acima são reflexos de conduta imatura, infantil, imediatista, reacionária e conservadora, que nega a reflexão e tem no preconceito e ignorância o seu melhor combustível. Fala-se no fenômeno de “infantilização na cultura”. É uma forma de violência e discriminação, que reproduz e perpetua formas de opressão social e hierarquias de poder econômico (vide também Bandeira & Batista 2002). O fenômeno é intrínseco à cultura e ao berço nutrido pelo preconceito e imposição. É difícil às pessoas questionarem e resistirem a estes mecanismos. Porém, o que mais surpreende o presente autor, é o fato de as gerações jovens da atualidade aceitarem as fórmulas prontas discutidas acima, sem questionar ou contestá-los de maneira alguma.
Elis Regina e Belchior cantaram: “somos como os nossos pais”. Deste forma, a pergunta que se coloca, é: será que o “futuro repete o passado”, como Cazuza disse no “O Tempo não pára”? Ou seja, será que os jovens deste país vão sempre repetir os mesmos preconceitos dos seus pais e avôs? Ao que parece, o “tempo não pára”, mas os preconceitos persistem.

Segundo a socióloga Marilena Chauí (apud Arbex Jr. 2001), a sociedade brasileira é uma sociedade essencialmente autoritária, em que um abismo separa a democracia e o liberalismo. Segundo Chauí, o Brasil não tem nada de liberal; ao contrário, a sociedade brasileira é fortemente autoritária em suas práticas sociais, políticas e econômicas, marcada por relações de privilégios, favores, clientelismo, dependência pessoal e de hierarquia de mando e obediência, desconhecendo na política o exercício da representação e na vida social o princípio da igualdade jurídica entre os cidadãos. Gerações inteiras de representantes das “famílias tradicionais” aprenderam a ter preconceito, desprezo e ódio pelas classes mais baixas já por séculos, ao mesmo tempo em que assaltavam os cofres públicos do país, como relata Galeano (1976). Assim, um dos problemas maiores parece ser a fraca tradição de solidariedade e respeito aos direitos do outro no Brasil. Segundo Eerola (1993), a opressão do outro, principalmente do mais fraco, parece ser uma diversão nacional, uma tradição que é perpetuada por gerações e que transcende as classes sociais. Parece que se tolera pouco as diferenças no Brasil, mesmo com grandes variações étnicas, regionais, culturais, sociais e econômicas.

A categorização da diferença se insere perfeitamente neste contexto. Talvez sejam justamente as grandes diferenças culturais, sociais e econômicas que geram o preconceito e práticas sociais nele baseados. Assim, é difícil lutar contra toda uma cultura, herdeira do machismo luso-latino, séculos de exploração escravista, décadas de ditaduras militares opressivas e forte estratificação social.
A educação e mudanças estruturais na sociedade, especialmente na distribuição de renda, crescente democratização e modernização das relações e papéis mais igualitários entre homens e mulheres, parecem ser fatores-chave para o seu enfrentamento (Aquino 1998, Louro 1999, Sabat 2001, Batista & Bandeira 2002).

Conclusões
Para finalizar, o que será que o Cazuza queria dizer na letra da sua música O Tempo não pára? Para o presente autor, esta pode ser interpretado da seguinte forma: enquanto as pessoas “de alma pequena”, pensam e gastam energia e tempo em querer interpretar e categorizar comportamentos dos outros, a elite continua os explorando e categorizando. A simplificação do pensamento e reação imediatista permitem com que assuntos mais importantes fujam da percepção da população, perdendo-se tempo e atenção com futilidades, sendo assim mais fácil a alguns de explorar o país e continuar trapaceando o povo. É um exemplo da perda da noção da totalidade, uma forma de alienação em uma sociedade do espetáculo (Debord 1967).

Apesar de as elites serem mais liberais em relação ao homossexualismo, segundo Arbex Jr. (2001), são as elites que estabelecem os termos do debate público e criam condicionamentos culturais e “hábitos mentais” que tendem a reforçar os seus próprios valores. Assim, ao mesmo tempo em que a elite condena certas atitudes e impõe preceitos morais, éticos e comportamentais, esta mesma tem ações questionáveis, como a corrupção, sonegação, desvio de verbas públicas, abuso de poder, discriminação social e racial, destruição do meio ambiente, violência no campo, exploração de mão de obra barata e escrava e consumo irresponsável, “transformando o país inteiro num puteiro”, ao mesmo tempo em que discursam em favor de idéias liberais e democráticos. Estas elites são de “boas famílias”, educadas nas “boas escolas” particulares do país, que, com os seus preceitos morais e éticos questionáveis, são verdadeiras fábricas de ladrões de colarinho branco e gângsteres corporativos. Esta mesma elite é representada de maneira brilhante na música “Burguesia” do Cazuza. Viajar abre os olhos, dizem. Porém, ao ir apenas para “fazer compras em Miami”, esta não aprende a se civilizar e modernizar.

A letra de uma outra canção do Cazuza é apropriada para encerrar este artigo. É dedicada aos usuários das categorizações:
Pras pessoas de alma pequena,
Remoendo seus pequenos problemas.
Que não mudam com a lua cheia(...)
Vamos pedir piedade,
Senhor, piedade,
Pra essa gente careta e covarde(...)
(...) Que lhes dê grandeza e um pouco de coragem ”

Blues da Piedade
Cazuza/Frejat

Agradecimentos

O autor agradece ao Cazuza (1958-1990) pelas suas músicas que o tem alegrado desde a década de 1980 e que serviram de inspiração para escrever este artigo. O artigo é dedicado à memória deste músico que já que não conseguia levar a vida, deixou a vida o levar.

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