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Mar 9, 2012

A MASSA CRÍTICA BRASILEIRA EM HELSINKI

Ao que parece, a quantidade de brasileiros na região do capital da Finlândia atingiu o que podemos chamar de "massa crítica". A comunidade brasileira aqui está efervescendo! Estão pipocando  iniciativas culinárias, empresariais e culturais. São comunidades da mídia social, empresas, feijoadas e churrascos, salões de cabeleireiros, bandas, academias esportivas e de dança, associações culturais, programas de vídeo e rádio.

Eu nunca vi tamanha atividade brasileira aqui antesi! Houve uma tentativa de se fundar uma associação cultural brasileira (Clube Brasil) aqui na década de 90, mas esta teve uma vida breve.

Vejo com muita satisfação toda esta nova movimentação agora. Está na hora de os brasileiros e finlandeses, com ligação com Brasil, unirem-se a fazer algo mais tipicamente brasileira aqui, principalmente nesta época em que as atitudes negativas contra os estrangeiros tem se acirrado.

Temos, é claro, já algumas estruturas antigas relacionadas com Brasil, fundadas por finlandeses, mas onde os brasileiros nunca se sentiram estar “em casa”. Portanto, os brasileiros podem agora criar as suas próprias iniciativas. A “massa” de brasileiros é agora suficiente e a comunidade brasileira mais madura para isto. Os frutos disto estamos começando a ver agora.

Se esta massa crítica já é suficiente para criar toda esta atividade e constituir uma boa parcela da clientela de produtos brasileiros vendidos aqui, as empresas brasileiras com interesses na Finlândia e vice-versa poderiam dar atenção à estas iniciativas e considerar, seriamente, a possiblidade de patrociná-las.   

Parabéns e obrigado Eduardo, Selene, Wendell, Clarice, Evelyse, Sílvia, Luíza, Wagner e Helena e tantos outros mais que enriquecem a vida cultural de Grande Helsinki!  

Bem-vindos a particparem, se unirem e a criarem coisas novas!

Conheça e confira (infelizmente não foi possível levantar todos, mas a lista vai certamente ainda aumentar!) :
-Associação Brasileira Sócio-Cultural Finlândia-Abraso (associação cultural): www.wix.com/selenegama/abraso
-Clarice Cataldi Tricology Center (salão de cabeleireiros): http://www.claricecataldi.com/suomi#!__suomi
-GeoLanguage Oy (empresa, traduções juramentadas, interpretação, ensino de língua portuguesa, treinamento aos expatriados): www.geolanguage.fi
-Grupo Cultural Gente Brasileira (associação cultural): http://gcgentebrasileira.wordpress.com/2012/02/06/hello-world/
-Ctb Ctb Finlândia (cooperativa, organiza as feijoadas dominicais mensais): http://www.facebook.com/profile.php?id=100002960447772
-Brasileiros em Helsinki (comunidade da Facebook): http://www.facebook.com/groups/brasucasdafinlandia/
-Conversando em Nossa Língua (programa de vídeo na internet): http://www.videofinlandia.com/?page_id=347
Nossa Língua (programa de rádio já extinto, mas ainda na internet): http://www.kslradio.fi/archives/category/nossa-lingua
Domingo Brasil KSL 100,3 MHz, nos domungos, às 15.00

Sep 22, 2011

BURQA OU BUNDA?

Toni Eerola

Expresso aqui a minha preocupação com a onda de neoconservadorismo na sociedade brasileira que se refletiu aqui na Finlândia numa tempestade na caipirosca. Esta foi a reacão diante do vídeo de Jukka Hentilä, postado na Comunidade Brasileiros na Finlândia. No vídeo, feito na Festa da Independência do Brasil no Hotel Seaside Radisson, nos dias 9-10.09., dois casais dançam lambada, que aparentemente agora é chamada de lapada na rachada. As dancarinas estavam com saias curtas, com a eventual aparição da tanga. Nada de anormal para este tipo de show e música. Mas alguns brasileiros, membros da comunidade, reagiram fortemente, se horrorizando com a calcinha, com a música e dizendo que “esta não é minha cultura!”.

Entendo que isto é uma reação à “bundização” da cultura no Brasil, principalmente na TV, que começou nos anos 90 com a bunda music (termo do Lobão) do Grupo É o Tchan. Baseado nisto, poderia se fazer um doutorado sobre a importância do traseiro na música popular brasileira. Vulgarizou-se a sensualidade nata da música brasileira. Curiosamente ao mesmo tempo vários tipos de seitas religiosas radicais estavam crescendo. Agora esta revolta assume proporções talebãs quando uma moça vai de vestido curto à faculdade no Brasil ou dançarina profissional faz um show no exterior. O que mais me preocupa, é que isto é expressada por jovens.

A atitude de uma certa parcela da classe média urbana em relação a certos estilos musicais brasileiras populares já é um fenômeno mais antigo. A rejeição da música baiana, amazonense, nordestina, sertaneja, funk carioca, samba, etc., e a supervalorização da música de origem ou influência européia/americana, seja ela rock, jazz, bossa nova, MPB ou clássica, são tentativas desesperadas e patéticas de se tentar distinguir do “povão”, do índio, caipira, negro, pobre e de ter “bom gosto”. Ao mesmo tempo estes moderninhos posam de liberais e progressistas. Desprezo à nudez e sensualidade das influências índia e africana, imposta pelas condições climáticas, é o outro lado desta mesma moeda.

Eu entendo perfeitamente que se pode estar preocupado com a imagem do Brasil morando no exterior, pois a sensualização da mulher brasileira pode ter reflexos em como as mulheres brasileiras são tratadas aqui. A força do imaginário popular acerca do Brasil pode ser grande neste sentido (http://www.kepa.fi/kumppani/arkisto/2006_11/5399).

Porém, eu sinto em dizer que com o que os brasileiros deveríam estar mais preocupados em relação à imagem do Brasil no exterior, são a corrupção, miséria, violência, injustiça social, desmatamento da Amazônia, etc. Estas sim, são imorais e cafonas e não uma tanga que porventura apareça e que faz parte da dança e do show. Ninguém dos presentes perdeu o controle ou achou que toda mulher brasileira é prostituta por causa disto. Quem pensou nisto deveria rever os seus conceitos. O turismo sexual vai para países em desenvolvimento por causa das condições sociais, independendo se há samba, bunda e lambada. Na Tailândia não há nada disso.

No balé, tênis e a patinação feminina no gelo também aparecem as calcinhas e tudo mais, mas são manifestações culturais européias “consagradas”, de “gente branca e de olhos azuis”. Eis a diferença? Não gera revolta de ninguém. E ninguém falou das sambistas finlandesas do mesmo show. A elas se permite, mas não às legítimas brasileiras. Por que?

Me desculpem, mas acho um pouco perigoso vir e dizer o que nos é permitido mostrar, ver e ouvir aqui. Quem faz este tipo de coisa na Europa, é geralmente uma minoria muçulmana radical.

Agora com um pouco de humor e como homem, eu acho que a “Bunda”, no melhor sentido brasileiro, esta dádiva da seleção natural, é um recurso natural escasso por estas latitudes, principalmente bem torneada e exposta, que acho que está se promovendo “o moral e os bons costumes” no lugar errado.

Burqa ou bunda, eis a questão. Prefiro a última. Que as mulheres me perdoem, mas a bunda é fundamental, pelo menos no samba.

Dançar samba de burqa, será que daria certo e que graça teria? Poderia se achar uma interessante mistura cultural, mas particularmente penso que seria uma ofensa à cultura e à mulher brasileira.